terça-feira, 19 de maio de 2009

A caneta apaixonada

Passamos vários momentos românticos, eu, minhas canetas, a escada do paço municpal e meu ipod que só tocava Feist, os pensamentos todos voltados pra Valéria, onde ela estaria agora, o que estaria fazendo, quais saudades estaria sentindo? Eu queria que ela soubesse que até sua ausência me fazia be, eu, minhas canetas e o paço municipal sentiamos a mesma coisa, pensávamos nos mesmo cabelos e no mesmo sorriso de uma mesma mulher - Valéria e seu alter ego: a semi perfeição - queria que ela soubesse sem diretamentesaber que de tanto pensar e escrever sobre ela, eu ja tinha feito meu mundo inteiro pensar em Valéria e todos meus amigos de bar e colegas de classe já a conheciam - mesmo que eu ainda não a conhecesse - minha pequena ilha, meu universo particular agora exalavam a Valéria.
O vento batia forte, eu, minhas canetas e a escada não nos importamos, a folha com o seu nome voava pelo centro, minhas canetas entristeciam e eu paciente dava a volta ao mundo pra encontra-la, acho que minha canea estava apaixonada pela folha, assim como eu estava apaixonada por Valéria, a folha caiu perto dos girassóis da prefeitura, poderia roubar algumas e guardar pra quando a visse de novo - bobagem minha, e se ela não quisesse me ver? Aí seriam outras flores estragando na minha gaveta - a boa da verdade era que se Valéria não quisesse mais me ver, a folha também não veria a minha caneta, eu perderia toda minha mais nova e delicada inspiração e meu mundo de girassóis apodreceria junto a essas folhas mal escritas na minha gaveta da vida.
Estava com meu tênis roxo que tinha levado ela a um estado de mínima euforia, combinava com a minha camiseta também roxa e de mesma tonalidade. Os pedreiros, os velhinhos, os rapazes cultos, todos que passavam pela escada me olhavam estranho, mal sabiam eles que eu estava projetando fantasiosamente meu mais novo romance de morangos, ou, no caso de Valéria meu adorável romance de doce de leite que pelo visto não saíria do papel - sorte da minha caneta que tocava sua amada folha cada vez mais, enquanto eu tocava Valéria cada vez menos - penso até que tudo isso é medo de confirmar a certeza que eu ja tinha: nenhum dos meus planos romanticamente a maravilhosos conquistaria.As pessoas sairam pela porta do teatro, esses me olharam com sorrisos, acho até que sacaram porque eu estava la, por uma questão nobre, talvez a mais nobre de todas: uma questão de amor à terceira vista. Acho mesmo que os expectadores perceberam que se fazia horas que eu estava na escada e se sentia frio ou fome valia a pena, dessa vez e por aquela mulher valeria a pena e eu esperaria o tempo que fosse, inclusive esperava por outra festa de sábado que seria sem graça, outra festa onde não poderia levá-la, preferia dividir um café, catar coquinhos, contar estrelas, ficar sem fazer nada com ela do que ir a essas festas vazias de sábado, trocaria todos meus finais de semana pra poder acompanha-la até sua casa qualquer segunda feira dessas bem comuns.
M. Utida

Nenhum comentário:

Postar um comentário