terça-feira, 19 de maio de 2009

Rascunhos

Penso que seja melhor deixar avisado logo de ínicio que as minhas palavras são só rascunhos, esboços do que poderiam ter sido se eu não tivesse perdido conjunções, confundido tempo, verbos e preposições. Ah sim, me perdi gramaticalmente... culpa dos domingos.Que atire a primeira pedra qualquer neurótico feito eu que não elegeu um dia da semana pra se torturar de saudade, aquele em que tudo aconteceu, o "dia simbólico", a putaria toda de pensar:- Há X dias em tal hora, em um lugar Y...O meu dia Z era domingo, eleito pela massa o mais naturalmente depressivo por N motivos como Faustão, futebol, almoço em família, ressaca geral, índice de assaltos, missas, restaurantes lotados e é claro sem esquecer os grandes shows e festinhas fracassadas que só acontecem nesse dia tão especial, que por coincidência ou não ainda é o meu preferido.Domingo, nome de banda, acordo sempre com teorias ligadas à ela de alguma maneira, o dia em que a conheci, que peedi pra ela ser minha, o dia que ela decidiu se "desprender" de mim. Tudo nela é domingo, eu sou dela, sou a missa dos arrependimentos, eu sou domingo e ele chegou mais uma vez e me arrastou pra outro show fracassado, fiz o que sempre faço, o que todo romântico neurótico faz, andei pela multidão porque continuava não sendo a melhor, mas era ainda a única disposta a fazer tudo aquilo... Ainda, outra teoria ingrata, tudo em mim "é ainda". Sou domingo, sou dela, busco perdão... ainda.Não que eu quisesse tudo aquilo, a procura em si era quase inconsciente, não tinha idéia se pretendia mesmo ir, eu achava que ia, e, eu fui com o coração na mão e uma rosa imaginária na outra, a encontrei quando o cansaço e a desesperança ja tinham por fim me esgotado e me feito forjar uma desistência qualquer, foi nesse instante que meus olhos se cruzaram com os dela na maias doce coincidência que pode coincidir com um domingo. No momento em que me viu correu ao meu encontro e o fez sorrindo, e eu não estou mentindo meu amigo, porque ela sorriu pra mim com uma cara de quem pensa: "Puta que pariu, vê se me erra...", mas sorriu dissimulada e correu ao meu encontro, eu ingênua pensei que era felicidade em me ver, queria saber agora como descrever aquele abraço, as minhas mãos tremiam, um milênio em três segundos.Há quem diga até que eu não retribui aquele carinho, que travei e não a abracei de volta e quem fala anda certo.Ela sabe que não foi falta de vontade, quando consegui entender o que se passava, que era um abraço..., quando senti o corpo dela pressionado contra o meu e tive intenção de retribuir já não dava mais tempo, ela se soltou dos meus braços não envolventes e caminhou pra longe de mim, tão logo seu antigo perfume invadiu meus olhos, ouvidos, pegou nas minhas mãos e ficou nas minhas mangas tão logo foi embora junto com ela, tão rápido e significante quanto a corrida dela ao meu encontro.Três segundos, minha eternidade entretida nos braços de outra, uma que soube retribuir, loira, linda e leviana que ela abraçou por mais vezes, por mais tempo... Talvez nem fosse assim bem o que se diz tradicionalmente linda, mas acho mesmo que até "Queen Latifah" aos meus olhos seria uma diva se estivesse ao lado dela, e eu fico pensando como teria sido se eu tivesse me perdido naquele abraço, mas a única coisa que eu perdi naquele dia foi minha dignidade - que venhamos e convenhamos - eu nunca tive, eu domingo sai correndo, me atrapalhei de novo e pisei na toalha da sua melhor amiga que nunca simpatizou comigo, então ajoelhei e limpei com meu suéter por culpa de um complexo de inferioridade que sempre acabou comigo, eu domingo limparia barro com as minhas camisas, eu-cavalheiro-gentil-imbecil do século XVIII a seu dispor em qualquer dia da semana.

M.Utida

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