terça-feira, 19 de maio de 2009

Dezembro despedaçado

Se as pessoas realmente são somas de seus detalhes, como poderíamos tentar substitui-las?Não, nenhuma outra garota segura o cigarro como você o faz, nem olha no relógio da mesma maneira que você faz e ninguém nunca vai ser tão encantador quanto você tentar ser, mesmo depois de tanto tempo ainda existem coisas que não mudam nunca... O seu jeito de falar... E o meu é claro, o meu sempre vacilando, o meu continuando a evitar as palavras que não saem pela boca, mas que jorram nos papéis. E os seus olhos... Os mesmos olhos com diferentes olhares, e os meus? Meu Deus os meus... Por que tem que ser sempre tão vago? Pra que tanta covardia?Eu to cansada de pedir desculpas, de ser a estranha da noite, eu peço desculpas por pedir tantas desculpas, e agora eu sinto muito se eu não posso ser um tapa buraco, sinto muito pela possibilidade de você não saber tudo aquilo que todo mundo esta tão cansado de saber, sinto por não ter tido paciência pra ouvir minha melhor amiga desabar do meu lado, mas entenda eu também desabei naquela noite, eu caí com a minha maçã iluminada, como se eu fosse James e o pêssego gigante e se eu contasse tudo que eu vi, iriam me comparar com Edward Bloom, mas não, eu não pesquei um peixe de 100 kilos...Então voltemos a questão da melhor amiga, eu adoro quando ela acorda cedo e vai embora, mas nunca sem me cutucar sutilmente e me beijar as bochechas pra se despedir, e eu adoro a maneira como apesar da minha fantasia de bancário, da minha meia marrom - pra combinar com o colete -, do meu shorts branco broxante e da minha camisa azul toda amassada ela continua tentando me encorajar e me aconselhar, e eu sinto muito, muito mesmo por não deixar, por nunca me abrir e nem te escutar.Naquele sábado a noite eu queria gritar, mas tudo que eu fiz foi pedir por favor. Eu queria ter dito a verdade... Das minhas incertezas que só passaram a ser certas quando eu a vi mais uma vez, mas eu só sentei na varanda tentando disfarçar os meus suspiros, como se não tivesse sido em vão... tentei ser indiferente, fingi que não me importava, e mais uma vez como se não tivesse sido em vão eu fiz listas de músicas que eu queria ouvir durante a noite só pra chegar a conclusão de que certas coisas nunca mudam. Que eu só quero que ela seja feliz apesar de mim, que eu queria vomitar, socar, estapear a cara de quem magoou a minha menina, nem que depois eu tivesse que implorar de joelhos pra que não o fizessem de novo, pra que se importassem com ela pelo menos um pouco do quanto eu me importava, do quanto sempre me importei, e provavelmente nunca vou deixar de me importar, apesar de mim eu só queria ver ela sorrir e sentir que tudo o que tinha acontecido era certo, mas quando se trata de relacionamentos, deveríamos ser sinceros ou nos esconder nas curvas sombrias do silêncio? Como ja diria Ben Gibbard: "Son, fear is the heart of love".
M. Utida

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